História do 7 cordas: Origens
Saudações,
Raphael Rabello e Dino 7 Cordas
Mais do que um instrumento, o violão de 7 cordas brasileiro representa uma linguagem, um estilo, uma postura . Sua marcação na região grave, ora pontuando as notas da harmonia, ora tecendo frases contrapontísticas com a melodia, a chamada baixaria, contribuiu de forma determinante na condução e caracterização de diversas danças que compõem o choro. Aqui, na música brasileira, a história do instrumento também se confunde com a história de instrumentistas. Mas o violão com 7 cordas não é exclusividade da música brasileira e muito menos do nosso tempo. Ele já apareceu em outras culturas e épocas.
Os primeiros dados de aparição
do violão de 7 cordas que se tem notícia, hoje, vem do período romântico. O
renomado violonista e compositor Napoleon Coste (1805 – 1883) foi o responsável
por projetar, em conjunto com o Luthier Lacote um modelo de violão que dispunha
de uma corda suplementar. Denominado de heptacorde,
esse instrumento dispunha de uma corda suspensa, não passando pelo braço do
instrumento e assim, não podia ser pressionada pela mão esquerda. Essa corda
era afinada de acordo com a tonalidade da peça a ser executada e podia variar
entre o SIb e o MIb , sendo o DO e o RE as tonalidades mais usadas.
Yamandú Costa estrela a série feita para TV "7 Cordas em 7 Vidas", dirigido por Pablo Francischelli, e em um de seus episódios vai à Moscou em busca de informações que possam contribuir com a hipótese de que o 7 cordas chegou ao Brasil pelas mãos de ciganos russos, que interagia com a Pequena África, comunidade de negros e nordestinos fixados na região da Praças Onze e que esses ciganos frequentavam a casa da matriarca baiana Tia Ciata (1854-1924) (BORGES, 2008)
O VIOLÃO 7 CORDAS BRASILEIRO
Bibliografia:
Pellegrini, Remo Tarazona. Análise dos acompanhamentos de Dino Sete Cordas em
samba e choro. / Remo Tarazona Pellegrini. – Campinas, SP:
[s.n.], 2005.
BRAGA, Luiz Otávio. O violão de 7 Cordas. Lumiar.
Revista Roda de Choro vol. 2 mar/abr 1996.
CAETANO, Rogério. Sete cordas: técnica e estilo. Garbolights Produções Artísticas.
Raphael Rabello e Dino 7 Cordas
Mais do que um instrumento, o violão de 7 cordas brasileiro representa uma linguagem, um estilo, uma postura . Sua marcação na região grave, ora pontuando as notas da harmonia, ora tecendo frases contrapontísticas com a melodia, a chamada baixaria, contribuiu de forma determinante na condução e caracterização de diversas danças que compõem o choro. Aqui, na música brasileira, a história do instrumento também se confunde com a história de instrumentistas. Mas o violão com 7 cordas não é exclusividade da música brasileira e muito menos do nosso tempo. Ele já apareceu em outras culturas e épocas.
7 CORDAS PELO MUNDO
Os instrumentos da família das
cordas, em suas variações, já são usados
há milênios por diversas culturas e somente nos últimos 2 séculos que se chega
à uma forma considerada definitiva para o violão. O próprio violão, em sua
forma clássica como conhecemos hoje, com 6 cordas, é derivado (com o acréscimo
de uma corda) da tradicional guitarra de cinco ordens (cinco pares de cordas)
que existe ainda em nosso dia a dia como
a “abrasileirada” viola caipira.
O compositor dinamarquês Soffren Degen (1816-1885), convencido de que o heptacorde era superior ao habitual violão de 6 cordas, transcreveu e compôs diversas peças para o instrumento. Degen tinha laços estreitos com Napoleon Coste e lutou toda a sua vida por uma atitude séria para com o violão, almejando que o instrumento fosse aceito nos círculos mais altos da sociedade musical e visto como um instrumento de concerto.
Soffren Degen com um heptacorde
Na Russia do século XIX era muito usado o violão de 7 cordas, principalmente na música popular. Criado em molde similar ao violão moderno,- sua afinação em ‘Sol maior aberto’ (7-Ré, 6-Sol, 5-Si, 4-Ré, 3-Sol, 2-Si, 1-Ré) – seu uso era tão difundido, a ponto de causar estranheza às plateias russas o fato do violonista Fernando Sor empregar, em apresentações realizadas pelo país um violão que contasse com “uma corda a menos”. (TEIXEIRA, 2009)
Soffren Degen com um heptacorde
Na Russia do século XIX era muito usado o violão de 7 cordas, principalmente na música popular. Criado em molde similar ao violão moderno,- sua afinação em ‘Sol maior aberto’ (7-Ré, 6-Sol, 5-Si, 4-Ré, 3-Sol, 2-Si, 1-Ré) – seu uso era tão difundido, a ponto de causar estranheza às plateias russas o fato do violonista Fernando Sor empregar, em apresentações realizadas pelo país um violão que contasse com “uma corda a menos”. (TEIXEIRA, 2009)
Quadro “O Guitarrista” de V. A. Tropinin (sec. XIX), atualmente exposto no Museu Tretiakov de Moscou.
Yamandú Costa estrela a série feita para TV "7 Cordas em 7 Vidas", dirigido por Pablo Francischelli, e em um de seus episódios vai à Moscou em busca de informações que possam contribuir com a hipótese de que o 7 cordas chegou ao Brasil pelas mãos de ciganos russos, que interagia com a Pequena África, comunidade de negros e nordestinos fixados na região da Praças Onze e que esses ciganos frequentavam a casa da matriarca baiana Tia Ciata (1854-1924) (BORGES, 2008)
Video em inglês com Rob MacKillop explicando sobre o violão de 7 cordas russo
O VIOLÃO 7 CORDAS BRASILEIRO
O violão de sete cordas
genuinamente brasileiro ultrapassa o objeto e assume posto fundamental na
história da música urbana do Brasil no século XX. Comumente, hoje, o termo 7
cordas ou baixaria, traduz uma forma de se tocar o choro e o samba, uma maneira de
acompanhamento que, em muito, lembra o baixo contínuo da música barroca. Não existe um consenso quanto ao surgimento deste instrumento em nossa música, mas é fato que ele tornou-se imprescindível para o samba e o choro, e hoje já deparamos com o 7 cordas em grupos de jazz e formações camerísticas.
O instrumento surge da necessidade de acompanhamentos contrapontísticos na região grave, como o faziam o ofcleide, o bombardino e a tuba nas bandas e fanfarras do século XIX. O que se tem de registro é que os primeiros a introduzirem o instrumento no choro foram China (Otávio Littleton da Rocha Vianna 1888-1927, irmão de Pixinguinha) e Tute (Arthur de Souza Nascimento 1886 -1957).
Quanto ao controverso surgimento, alguns textos apontam que a ideia do uso do violão com uma corda extra foi trazida da Europa a partir das viagens que China fez com os 8 batutas. Outros textos associam o surgimento do instrumento no Brasil ao fato de existir, no início do século passado, no centro do Rio uma pequena comunidade de ciganos russos, que interagia com a Pequena África, comunidade de negros e nordestinos fixada na região da Praça Onze e que esses ciganos frequentavam as famosas rodas na casa da matriarca baiana Tia Ciata . Tute teria visto o exótico instrumento com um desses ciganos russos e encomendou o instrumento a um luthier.
Desde seu aparecimento no Brasil até os dias de hoje, o violão 7 cordas sofreu inúmeras transformações. O precário sistema de amplificação da primeira metade do século passado é a principal razão para o uso da "dedeira", que ajuda muito na projeção sonora das baixarias. Como a sétima corda era geralmente adaptada, acredito eu que a escolha da afinação em DO está diretamente ligada ao fato de que a tensão das cordas usadas na época não suportavam afinações como SI e LA ,conforme encontramos nos dias de hoje, devido à trastejamentos e ruídos. O uso de uma corda de violoncelo como sétima , deixa o som mais opaco, abafado, e foi adaptado por Dino Sete Cordas (esse merece um blog só pra ele) provavelmente para equilibrar melhor a sonoridade dos fraseados, evitando o som estridente que tinham as cordas de aço da época. Assim, Dino passou a usar a sétima corda de violoncelo, as duas primeiras (MI e SI) de náilon e as demais de aço. Com centenas de discos gravados, essa sonoridade do Dino passou a caracterizar "o" som do violão 7 cordas, e essa forma de uso das cordas é usado com freqüência até os dias de hoje. Alguns autores chamam o violão de 7 cordas com essas características de típico, ou tradicional.
O instrumento surge da necessidade de acompanhamentos contrapontísticos na região grave, como o faziam o ofcleide, o bombardino e a tuba nas bandas e fanfarras do século XIX. O que se tem de registro é que os primeiros a introduzirem o instrumento no choro foram China (Otávio Littleton da Rocha Vianna 1888-1927, irmão de Pixinguinha) e Tute (Arthur de Souza Nascimento 1886 -1957).
Quanto ao controverso surgimento, alguns textos apontam que a ideia do uso do violão com uma corda extra foi trazida da Europa a partir das viagens que China fez com os 8 batutas. Outros textos associam o surgimento do instrumento no Brasil ao fato de existir, no início do século passado, no centro do Rio uma pequena comunidade de ciganos russos, que interagia com a Pequena África, comunidade de negros e nordestinos fixada na região da Praça Onze e que esses ciganos frequentavam as famosas rodas na casa da matriarca baiana Tia Ciata . Tute teria visto o exótico instrumento com um desses ciganos russos e encomendou o instrumento a um luthier.
Desde seu aparecimento no Brasil até os dias de hoje, o violão 7 cordas sofreu inúmeras transformações. O precário sistema de amplificação da primeira metade do século passado é a principal razão para o uso da "dedeira", que ajuda muito na projeção sonora das baixarias. Como a sétima corda era geralmente adaptada, acredito eu que a escolha da afinação em DO está diretamente ligada ao fato de que a tensão das cordas usadas na época não suportavam afinações como SI e LA ,conforme encontramos nos dias de hoje, devido à trastejamentos e ruídos. O uso de uma corda de violoncelo como sétima , deixa o som mais opaco, abafado, e foi adaptado por Dino Sete Cordas (esse merece um blog só pra ele) provavelmente para equilibrar melhor a sonoridade dos fraseados, evitando o som estridente que tinham as cordas de aço da época. Assim, Dino passou a usar a sétima corda de violoncelo, as duas primeiras (MI e SI) de náilon e as demais de aço. Com centenas de discos gravados, essa sonoridade do Dino passou a caracterizar "o" som do violão 7 cordas, e essa forma de uso das cordas é usado com freqüência até os dias de hoje. Alguns autores chamam o violão de 7 cordas com essas características de típico, ou tradicional.
Em 1981, Luiz Otávio Braga encomenda um violão de 7 cordas com as mesmas características do violão "clássico" com o uso das cordas de náilon , solista. Essa "invenção" veio, segundo ele, da necessidade de timbrar melhor seu violão com os demais instrumentos da Camerata Carioca de Radamés Gnattali. A partir desta mudança, eis que um prodígio aluno de Dino, chamado Rafael Rabello, passou a usar um violão nesses moldes e este instrumento que ha tantas décadas figurava como acompanhador, passava, em suas mãos à categoria de solista. A contribuição de Luiz Otávio Braga e sua invenção fez com que o violão de 7 cordas transpusesse seu lugar no choro e samba a diversos estilos.
o histórico disco onde o moderno e o tradicional se encontram de forma brilhante.
Grande abraço!
Grande abraço!
Bibliografia:
Pellegrini, Remo Tarazona. Análise dos acompanhamentos de Dino Sete Cordas em
samba e choro. / Remo Tarazona Pellegrini. – Campinas, SP:
[s.n.], 2005.
BRAGA, Luiz Otávio. O violão de 7 Cordas. Lumiar.
Revista Roda de Choro vol. 2 mar/abr 1996.
CAETANO, Rogério. Sete cordas: técnica e estilo. Garbolights Produções Artísticas.
boa noite para todos gostaria de ajudar de alguma forma ois temos muito pouco sobre Violão de 7 cordas pois su estudante do mesmo digo que e um maravilhoso muito bom 7 cordas
ResponderExcluirGostaria de dizer que sou bisneto de TuTe (Arthur de Souza Nascimento) comprovado com documentações. (31)985999620
ResponderExcluirOlá bom dia!!!
ResponderExcluirSou bisneto de Artur de Souza do Nascimento, tenho algumas poucas fotos dele originais, inclusive com Pixinguinha.